quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Podence preserva Carnaval do chocalho

Os trajes coloridos e o som dos chocalhos invadem as ruas de Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros, durante a época carnavalesca.
Com a cara coberta pela tradicional máscara de chapa, os caretos lançam a folia na aldeia e cativam visitantes de Norte a Sul do País.
Com uma projecção a nível nacional e internacional, os mascarados são a imagem de marca da localidade, que se veste de múltiplas cores para festejar o Carnaval. Os mascarados assinalam a chegada dos dias maiores, bem como os exageros que antecedem a Quaresma, um período de calma, reflexão e contenção do calendário religioso.
Quem visita Podence, nesta época festiva, pode entrar no ritmo e, até, vestir a pele de careto por um dia. “A associação tem cerca de 12 trajes, que costumam esgotar-se todos os anos”, salienta o presidente da Associação Grupo de Caretos de Podence e da Casa do Careto, António Carneiro.
A festa começa, no Domingo Gordo, com uma montaria ao javali, uma novidade para cativar os “amantes” da caça maior. À tarde começa a folia do Carnaval, marcado pelos tradicionais chocalhos e fatos coloridos. Os mascarados são acompanhados por grupos de música tradicional da região, nomeadamente os Bombos de Ala, a Fanfarra de Vale da Porca, o Grupo de Latos de Bagueixe, os Bombos de Arcas e o Grupo de Gaiteiros os “Cucos”.
Ao som dos bombos e da gaita-de-foles, os caretos, com um ar rebelde e atrevido, proporcionam muita animação, mas também chocalham as raparigas solteiras que apanham na rua, lançando a desordem pelas ruas de Podence.

O Carnaval de Podence conta com mais de 50 caretos e facanitos em folia pelas ruas

Como os trajes dos caretos são reservados, apenas, ao sexo masculino, as raparigas vestem-se de marafonas para saírem à rua disfarçadas no dia de Carnaval. “É uma tradição que a associação ainda mantém. Só os rapazes e homens podem vestir a indumentária”, realça António Carneiro.
Na segunda-feira, destaque para as provas de vinho e para o pregão casamenteiro, um ritual em que são “casados” todos os rapazes e raparigas solteiras da aldeia. “Reza a tradição que, no dia seguinte, os rapazes têm que ir dar um beijo ou um abraço à sua noiva”, conta o responsável pela Casa do Careto.
Nas ruas, as tropelias dos cerca de 50 caretos e facanitos (mascarados de tenra idade) animam os visitantes, que também podem participar em raids fotográficos e passeios pedestres ou de burro pela paisagem protegida do Azibo.
“No Carnaval, as unidades hoteleiras chegam a esgotar. Também há emigrantes que preferem vir nesta época do que no Natal”, realça António Carneiro.
Este ano, a Casa do Careto também assinala o 5º aniversário. Trata-se de um espaço temático dedicado aos caretos, às máscaras e aos rituais, que já recebeu 25 mil visitantes.
A festa culmina com a Queima do Entrudo, que consiste em chegar fogo a um boneco gigante junto à Casa do Careto.

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